Hoje pelas 7:45 AM estava eu em zapping televisivo quando apareceu na SIC mulher, nunca percebi porque é que há um canal que se chama SIC mulher mas pronto, apareceu nesse tal canal uma fulana de que já me esqueci o nome a entrevistar o Keny Rogers e o cenário era, uma cozinha. Com panelas, pratos, chávenas, sertãs, tudo alinhadinho num louceiro por tráz da tal fulana que parecia saída do "Música no Coração". E a tal fulana a receber ali os convidados e a entrevistá-los, entre lava-louças e detergentes. Aquilo parece que é um programa de sucesso no mundo inteiro (com um bocadinho menos de perguiça eu até era capaz de procurar na programção da tal SIC o nome do programa e iam ver como é famoso, mas agora não interessa). Filmado numa cozinha. E a tal senhora a ensinar o mundo feminino a cozinhar, a receber, a decorar a casa, a bordar, aquilo que as meninas do meu Liceu, que existiam num mundo paralelo e proibído dois corredores acima, estudavam numa disciplina de lavores.
Deu-se-me um curto circuíto nalgum neurónio mal dormido e lembrei-me, sabe-se lá porquê, da notícia da véspera, de uma desgraçada com 19 anos de idade, que nas arábias do petróleo foi violada mais de uma dúzia de vezes por cinco energúmenos cinco, e como consolação não leva nem carinho nem ajuda psicológica. Leva é meio ano de cadeia e 200 vergastadas. Uma, duas, três, ..., até duzentas, até as costas ficarem numa tal chaga que nem a Burka será capaz de esconder. Porquê? Porque não estava onde devia, que é como por exemplo uma cozinha, que é onde as mulheres nas arábias devem estar, e pelos vistos também a tal senhora da SIC mulher saída do Música no Coração. Mesmo quando está a entrevistar o Keny Rogers.
Tenho muita pena, mas afinal Riade não é tão longe como parece.
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